quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Segundo freio em 10 dias

O governo decidiu aumentar a pressão sobre o câmbio. Foi publicada no Diário Oficial da União, segunda-feira, a permissão para que o Fundo Soberano do Brasil (FSB) atue no mercado futuro de dólares, decisão já anunciada, mas agora pronta para entrar em vigor.

É a segunda medida cambial em menos de duas semanas pelo governo Dilma Rousseff para conter a queda do dólar ante o real.

Agora, o governo aponta as suas baterias para a especulação no mercado futuro, que no Brasil é bem maior do que o mercado à vista de dólar e tem mais influência na cotação da moeda americana.

A publicação não significa que o governo vai atuar de imediato no mercado futuro, mas adiciona risco para quem aposta na valorização do real.

A intervenção do FSB no mercado futuro deve ocorrer por meio de oferta de contratos chamados de swap cambial reverso.

Esse instrumento permite a troca da variação do câmbio por remuneração pela taxa de juro, com efeito de compra de dólares.

Desde maio de 2009, o Banco Central (BC) não oferta este tipo de contrato, e o Ministério da Fazenda fez várias pressões, no ano passado, para a volta deste instrumento de intervenção na taxa de câmbio. O BC alegava restrições do Tribunal de Contas da União para retomar os leilões.

Com o FSB atuando na compra, a intenção do Planalto declarada é fazer o dólar subir. Com isso, tenta preservar alguma competitividade para os produtos nacionais tanto no mercado externo quanto no interno.

O dólar barato rende menos receita para as exportações e, ao mesmo tempo, aumenta as importações de produtos estrangeiros que tiram mercado dos nacionais.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, assegurou que não há risco de perda de recursos do FSB com as operações no mercado de câmbio.

– O BC sempre ganhou nas operações com swap cambial – justificou.

O primeiro resultado da balança comercial do ano, referente ao período de 1º a 9 de janeiro, ficou negativo em US$ 486 milhões.

Multimídia

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Porta-voz dos conservadores ingleses diz que governo Dilma ‘mostrou os dentes’


7/1/2011 11:11, 
Guido Mantega
Mantega segue à frente do Ministério da Fazenda
O governo da economista Dilma Rousseff “mostrou os dentes” e mostra disposição em agir para proteger a competitividade da indústria nacional das flutuações cambiais com as medidas anunciadas na véspera para controlar a apreciação do real. A afirmativa é diário conservador britânico Financial Times, publicada na edição desta sexta-feira.
A medida foi anunciada logo após nova queda do real, pelo terceiro dia consecutivo, diante do dólar. O Banco Central anunciou que os bancos terão que manter maiores reservas na moeda norte-americana, sem remuneração, se apostarem na valorização do real.
O assunto foi elevado à principal manchete do Financial Times, principal porta-voz dos interesses conservadores britânicos, sob o título “Brasil parte para o controle da elevação da moeda”, e também foi tratado em outros dois textos dentro do jornal.
“As medidas, com o objetivo de interromper a valorização ainda maior do real, mostram os dentes da ameaça do novo governo da presidente Dilma Rousseff de que o Brasil agirá para proteger a competitividade de sua indústria doméstica de base de flutuações na taxa de câmbio”, diz.
O FT acrescenta que, segundo o Banco Central brasileirio, “os controles, que deverão afetar principalmente bancos comerciais domésticos, têm como objetivo melhorar o funcionamento do mercado de câmbio e a redução das posições vendidas (compromisso de venda futura com a aposta na queda do dólar) no sistema, que em dezembro alcançaram US$ 16,8 bilhões”.
“O novo governo assumiu há menos de uma semana e não perdeu tempo em elevar sua retórica sobre o real”, afirma o jornal, que observa que a apreciação do real em 36% frente ao dólar nos últimos dois anos ajudou a reduzir a competitividade das indústrias brasileiras.
“Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou sua preocupação de que o Brasil estava sofrendo danos colaterais do que ele vem chamando de uma ‘guerra cambial’ global provocada pela manipulação das taxas de câmbio pelos governos”, diz o FT.
Guerra cambial

O jornal pontua, ainda, que a medida anunciada pelo Banco Central segue a decisão do Chile, anunciada também nesta semana, de intervir nos mercados de câmbio para conter a valorização do peso.
Segundo o FT, investidores advertiram de que as ações tomadas pelo Brasil, primeiro país a advertir no ano passado sobre os perigos de uma “guerra cambial”, devem ser seguidas por outros países emergentes.
“Apesar de os participantes do mercado dizerem que as medidas globais para conter a apreciação das moedas estrangeiras não terem sido drásticas até agora, muitos países tomaram ações para evitar que suas economias sejam desestabilizadas por rápidas incursões de capital em busca de altos retornos”, diz o jornal.
‘Kit de ferramentas’
Já o Fundo Monetário Internacional (FMI), em nota divulgada nesta sexta-feira, aprovou a recente medida do BC para tentar conter a valorização do real e acrescentou que este é um passo “macroprudencial” apropriado para amparar o sistema bancário. Segundo a porta-voz da instituição, Caroline Atkinson, nesta quinta-feira, o Brasil impôs recolhimento compulsório sobre a posição vendida dos bancos em dólar como forma de tentar conter a especulação no mercado.
– Nós vemos tais medidas como medidas macroprudenciais que visam fortalecer o sistema bancário no Brasil diante de grandes ingressos de capital, e elas podem ser uma parte apropriada do kit de ferramentas – disse Atkinson.


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